Afinal, todo mundo tem TDAH?
Uma das principais questões da atualidade é: Todos temos TDAH? Ou pelo menos um pouquinho? A resposta é que NÃO!
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma das condições mais banalizadas em todo o mundo. Isso se dá pelo fato de que muitos não compreendem a especificidade e complexidade do diagnóstico do transtorno, e confundem tais sintomas com quadros cotidianos e pontuais. O que é fato é que todos temos momentos de desatenção, distração e falta de foco, porém características comportamentais como essas não preenchem os critérios diagnósticos para o TDAH, são apenas consequências comportamentais pontuais derivadas de algum estímulo anterior, o qual tem durabilidade definida (Santos & Vasconcelos, 2010; Desidério, & Miyazaki, 2007).
O TDAH por sua vez apresenta como características principais a desatenção, hiperatividade, impulsividade e hiperfoco específico sem que haja uma variável desencadeadora para tal, e com duração contínua, ou seja, tais comportamentos são características de um prejuízo do neurodesenvolvimento. Abordar o TDAH sob um olhar científico e acadêmico envolve considerar diversos aspectos, desde as bases neurobiológicas até as intervenções terapêuticas disponíveis.
O diagnóstico correto pode fazer toda a diferença na vida de uma criança, adolescente ou adulto. Pois, a partir dele, o suporte farmacológico e terapêutico pode auxiliar no desempenho e evolução do paciente, seja em aspectos cognitivos e educacionais, como também comportamentais e sociais (Oliveira, Marinho & Lemos, 2021; Schmitt & Justi, 2021).
Em resumo, abordar o TDAH sob uma perspectiva científica e acadêmica envolve uma análise multifacetada que considera fatores genéticos, neurobiológicos, ambientais e comportamentais (Schneider et al., 2020). Essa abordagem abrangente é essencial para desenvolver estratégias de intervenção eficazes e promover uma compreensão mais profunda dessa condição neuropsiquiátrica e por fim auxiliar efetivamente os pacientes que têm a condição (Laguna et al., 2023).
A informação sobre a temática, como sintomas, análise correta dos sintomas, diagnóstico, entre outros pode não somente auxiliar para que pacientes sejam compreendidos e acolhidos, como também reduzir a banalização do quadro psiquiátrico.
Referência
Desidério, R., & Miyazaki, M. C. D. O. (2007). Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): orientações para a família. Psicologia Escolar e Educacional, 11, 165-176.
Laguna, G. G. D. C., Ribeiro, D. B., Tavares, B. R. M., Cazé, A. B., Santos, A. C. S. D., Souza, L. G., & Borges, G. F. (2023). Mudanças comportamentais em crianças/adolescentes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade durante a pandemia de COVID-19: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, 23, e20220353.
Oliveira, M. D. S., Marinho, M. F. D., & Lemos, S. M. A. (2021). Características clínicas de transtorno do déficit de atenção em crianças e adolescentes: associação com qualidade de vida e aspectos comportamentais. Revista Paulista de Pediatria, 40.
Santos, L. D. F., & Vasconcelos, L. A. (2010). Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade em crianças: uma revisão interdisciplinar. Psicologia: teoria e pesquisa, 26, 717-724.
Schmitt, JC e Justi, FRDR (2021). A Influência de Variáveis Cognitivas e do TDAH na Leitura de Crianças. Psicologia: Teoria e Pesquisa , 37.
Schneider, A. M. D. A., Marasca, A. R., Dobrovolski, T. A. T., Müller, C. M., & Bandeira, D. R. (2020). Planejamento do Processo de Avaliação Psicológica: Implicações para a Prática e para a Formação. Psicologia: Ciência e Profissão, 40.